No início de julho, em Picos, no Piauí, aconteceu a Picos Pró Race 2025, edição Ultra Cangaço – dois dias intensos de pura resistência e emoção. Eu cheguei lá gripada, sem treinar direito, vinda do frio intenso do Sul, para enfrentar o calor seco e desafiador do sertão nordestino. Já era um choque antes mesmo da largada.
No primeiro dia, foram 68 km que testaram não só o corpo, mas a mente. Mesmo com o sol forte, segui com calafrios e arrepios durante praticamente toda a prova, uma consequência da gripe que ainda mexia com meu corpo. A respiração era curta, o corpo parecia travado, e a mente oscilava entre “o que estou fazendo aqui” e “só mais um pouco”. Mas a cada pedalada eu me lembrava do porque de estar ali: porque amo isso, porque pedalar me move, mesmo quando tudo parece conspirar contra.
No domingo, a jornada foi ainda maior, com 95 km sob o sol escaldante e um desgaste acumulado que fazia cada subida parecer interminável. A gripe ainda deixava sua marca, a força já não era a mesma, mas algo dentro de mim gritava mais alto: vai, continua. E eu fui. Um passo de cada vez, ou melhor, uma pedalada de cada vez. A dor se misturava com um sentimento forte de gratidão. Gratidão por estar ali, por cada palavra de incentivo recebida no caminho, por cada sombra encontrada e por cada meta alcançada, mesmo que aos trancos.
Foram dois dias intensos. De muito calor, poeira, suor, mas também de muita entrega, força e resiliência. Dias que me fizeram lembrar que nem sempre a gente chega como gostaria, mas que ainda assim é possível ir além. Essa prova me ensinou que treinar é fundamental, mas que há momentos em que é a alma que empurra a bicicleta, quando o corpo já não consegue mais. E é nisso que reside a verdadeira conquista.
A Picos Pró Race 2025 foi mais do que uma competição. Foi uma travessia interna. Um reencontro com a minha capacidade de lutar, de resistir e de agradecer. E, como se tudo isso já não fosse suficiente, ainda cruzei a linha de chegada como campeã. Uma conquista que coroou não só um resultado, mas toda a força que precisei reunir para estar ali.
“Quando a mente decide, o corpo encontra um jeito. Porque no fim, é ela quem guia e leva a gente exatamente onde o coração quer chegar.”

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