No último fim de semana fui até Soledade, na Paraíba, para disputar a Copa Paraíba de MTB. Foram dois dias de prova em formato XCM, daqueles que colocam à prova não só o corpo, mas também a cabeça. E mais do que competir, foi uma alegria imensa voltar a correr no sertão, um lugar que sempre me desafia, me ensina e me conecta com a essência do MTB nordestino. Saí de lá com aquela sensação boa de missão cumprida e de quem sobreviveu ao calor e à intensidade do sertão.
Cheguei à cidade com aquela mistura de animação e respeito. Sabia que o terreno da região era árido, com muita areia e pedra solta, e que o clima poderia ser um fator decisivo. Apesar de estarmos no período de chuvas na caatinga, o ar continuava seco, típico do sertão. A boca secava rápido e a sensação era de estar constantemente perdendo líquido, mesmo nos trechos de menor esforço. Era aquele tipo de clima que cobra silenciosamente e se a gente não se cuida, sente.
Logo no primeiro dia, a largada já deu o tom do que seria a etapa: ritmo forte desde o início, com bastante disputa e pouca margem para erro. O percurso estava rápido, mas não simples, muitos trechos de single track exigiam atenção redobrada. Em vários momentos a trilha se estreitava entre a vegetação seca e os bancos de areia, e manter o controle da bike se tornava tão importante quanto pedalar forte. O foco era total: cada curva escondia uma surpresa.
O segundo dia veio com um trajeto mais longo, mas ainda muito rápido. O ritmo era intenso do começo ao fim, e o desafio estava em saber dosar o esforço sem perder velocidade. O terreno seguia traiçoeiro, com muita areia, pedras soltas e trechos abertos que deixavam tudo ainda mais exigente sob o vento seco e o sol forte. O corpo já carregava o desgaste do dia anterior, então entrar bem alimentada, hidratada e focada foi essencial. Foi uma etapa que exigiu não só preparo físico, mas também resiliência mental, porque a intensidade não dava trégua. Concentração e constância foram as palavras-chave do dia.
Venho me dedicando bastante nos últimos meses para melhorar minha performance, e essa prova na Copa Paraíba mostrou que esse trabalho está dando resultado. Consegui manter um ritmo forte e constante durante os dois dias, o que me deixou muito feliz.
A disputa foi acirrada nos dois dias, especialmente junto com a Carla e a Flávia, que são referências na região e atletas muito fortes. No segundo dia, o último single track foi um momento decisivo para a definição da colocação: a Carla ficou em 1º, eu em 2º com apenas 30 segundos de diferença, e a Flávia logo atrás na 3ª colocação. Esse trecho final foi intenso e mostrou o quanto a competição estava equilibrada.
Saio dessa prova com a missão cumprida, mas a vontade de evoluir só cresce. Ainda trabalhando forte para melhorar cada detalhe, porque os objetivos maiores estão por vir e competindo assim, com essa garra e paixão, não podemos perder a essência que nos move. É essa chama que me impulsiona a seguir em frente, pedalando sempre mais forte, sempre com o coração na trilha.
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